Todas as vezes que contemplo uma plateia repleta de jovens advogados, vislumbro o vigor da juventude a perseguir um ideal. Por outro lado, reflito profundamente sobre as dificuldades que estão no caminho de quem apenas começa a galgar degraus em nossa profissão.
São colegas que começam a buscar na atividade cotidiana da advocacia o meio de vida, guerreiros superando adversidades, na esperança e até mesmo na certeza de reverter o momento de crise de uma sociedade empobrecida e com reduzidas perspectivas. Verdadeira lição para cada um de nós que enfrenta iguais desafios há mais tempo, e por isso mesmo às vezes corre o risco de esquecer o sabor das primeiras conquistas.
E neste dia 11 de agosto, é preciso que se diga que ser advogado é, antes qualquer definição, um desafio que exige mais do que os anos de estudo em busca de conhecimento e aprimoramento, mas também dedicação ímpar e muita determinação. As lutas dos advogados são imensas na atualidade, envolvendo questões como remuneração, condições de trabalho, valorização de nossa imagem frente à comunidade, resgate do estreitamento da relação entre advogado e cliente.
E muito mais do que uma profissão que garante o sustento de cada um de nós, a advocacia possui um comprometimento social. Mas como nosso dia a dia não pode e nem deve deixar de lado as agruras cotidianas da vida, ao mesmo tempo em que lutamos arduamente para atender aos nossos constituídos, precisamos enfrentar obstáculos pessoais que, embora importantes, não podem se sobrepor à nossa dedicação ao trabalho.
Ninguém mais isento ou dotado de maior conhecimento das agruras e limites da nossa profissão do que o colega advogado, que divide conosco a impaciência perante a morosidade da justiça e, muitas vezes, o sentimento de injustiça que nos acomete quando o resultado alcançado fica muito aquém do esperado.
Como operadores do direito, somos consagrados pela convicção absoluta de que nada é mais libertador para um ser humano do que a luta pela justiça. É profundamente compensador saber que somos importantes agentes transformadores da sociedade e que, com nosso trabalho, contribuímos para um futuro mais harmônico entre os homens.
Sabemos todos que o país em que vivemos não corresponde às nossas esperanças, que a justiça nem sempre atende nossas aflitas expectativas de celeridade, e que nem sempre os nossos governantes honram a confiança depositada juntamente com nosso voto. No entanto, é justo reconhecer que possuímos algo que tantos homens, nos mais variados recantos do planeta, desconhecem ou não têm ao seu alcance: a consciência do que é necessário, o senso crítico para fugir da acomodação, o poder de escolha para tomar decisões e, ainda, a força necessária para buscar e encontrar soluções.
Somos aqueles que buscam a justiça e a verdade, a esperança e a liberdade, a correta aplicação do direito e a democracia em nossa sociedade. Se nossa arma é a palavra, que não sejamos dela escravos, mas seus fiéis escudeiros.
Finalizo citando o escritor alemão Wolfgang Goethe, o qual devemos sempre tentar seguir: "Tudo que possas ou sonhas fazer, comece. A audácia contém gênio, poder e magia."
Paulo Roberto de Borba - Presidente da OAB/SC
Assessoria de Comunicação da OAB/SC


