“Denunciar atos de violência contra idosos para que eles possam manter sua dignidade está entre os desafios que precisam ser vencidos pela nossa sociedade”, defendeu Ariane Angioletti, integrante da comissão do Direito do Idoso da OAB/SC e representante da Seccional no Conselho Estadual do Idoso, durante o seminário “As múltiplas violências contra o idoso - Ênfase à Violência Sexual e Psicológica”, na noite da última quinta-feira (6).
Para Ariane, só por meio da denúncia e esclarecimento à população será possível, além de punir os agressores, desenvolver um diagnóstico das agressões sofridas pelo idoso no Brasil, a fim de tomar as medidas cabíveis para cada caso. “Ainda há muito preconceito contra a velhice, que está reduzida a um processo orgânico ou doença e até mesmo como a decadência do ser humano”, lamenta.
Um dos desafios, segundo a advogada, é o direito à sexualidade. “Muita gente pensa que envelhecer é também perder sua sexualidade. Mas é direito do idoso ter um relacionamento amoroso, preservar sua intimidade, ter liberdade de orientação sexual e exercer sua sexualidade. E a sociedade, assim como as instituições, precisam estar atentas para respeitar essas necessidades. Há, por exemplo, lares de idoso que proíbem namoros, o que pode ser considerado uma violência afetiva. É preciso preparo para acolher”.
Em 2010, apenas 10% da população brasileira era idosa. A previsão para 2030 é que este percentual pule para 18% e, em 2050, para quase 30%, o que representará cerca de 70 milhões de brasileiros. “Será um envelhecimento muito rápido e infelizmente ainda não estamos preparados para atender as necessidades básicas do idoso, que precisa de qualidade de vida e liberdade para ser o que é, e nós precisamos zelar por isso”, disse Ariane.
Entre os principais desafios apontados pela advogada estão a mudança cultural em relação ao envelhecimento, a construção de indicadores, empoderamento e acesso à informação para o idoso, e capacitação profissional dos cuidadores e familiares.
Doutora em Psicologia Clínica, a professora Vanessa Silva Cardoso abordou o tema “Violência Psicológica”. Ela também defende que toda a violência seja denunciada e que as pessoas tenham acesso à informação. De acordo com ela, as violências psicológicas praticadas contra o idoso são parecidas ou estão interligadas e 80% dos casos acontecem dentro de casa, seja por cuidadores ou por familiares.
“A violência psicológica, por ser mais subjetiva, torna-se mais difícil de perceber, descrever ou avaliar, até por quem é agredido. Qualquer conduta que cause dano emocional, diminuição de autoestima ou que vise a degradar ou controlar a ação do idoso ou limitar seu direito de ir e vir é uma violência psicológica”, explica. Vanessa alerta ainda que este tipo de comportamento pode se tornar rotineiro e até ser considerado “normal”, mas compromete a qualidade de vida do idoso.
O Seminário, coordenado pela Comissão do Direito do Idoso da OAB/SC, presidida por Marilene Francisca de Campos, contou ainda com a presença do Vice-Presidente da CAASC, Luciano Demaria; da Presidente do Conselho Estadual do Idoso, Marília Fragoso, do coordenador do Programa de Voluntariado do Conselho Regional de Contabilidade, Tadeu Pedro Vieira e do membro efetivo do IASC, Ricardo Rosa.
Assessoria de Comunicação da OAB/SC